tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

terça-feira, março 29

Talvez o que não tenha caído do saco

Isso não é ficção.

Admito que há um certo tempo, e isso chega a talvez dois meses, estou com uma grande sensação que preciso escrever algo muito forte. Não sei se forte na comédia, ou no drama ou até no romance. Mas não consigo escrever. Não sai. Até agora, não. Mas vai sair. Sempre acho que será o texto do século, mas pode se transformar num emaranhado de letras absortas sem conjunto algum. Talvez seja isso agora. Talvez você esteja lendo o começo do grande texto do século. Pra mim, ele num faz sentido algum, mas em você pode tá tirando uma lágrima. Ou um sorriso agora. Talvez um olho arregalado? A reação é sua.

Acabei de escrever um e-mail para a âncora de um telejornal conhecido. Elogiei seus anéis e os movimentos delicados que ela faz ao dar notícias tão fortes. Nem tão fortes como o texto do século, mas ainda assim, fazem parte da realidade e são muito fortes. Falei das duas comunicações que ele pratica na apresentação de um telejornal. Lembrei ainda de quando a notícia do chefe de tudo morreu, e ela, bravamente, se perdia nos próprios pensamentos, desafiando um telepronter e duas malditas câmeras gélidas, sem sentimento algum. Até me perguntei se devia comentar dos câmeras, se eles também não se emocionavam. Mas que apanha mesmo é quem tá sendo exibido. Durante três segundos, ela, a apresentadora, ficou parada, ausente de qualquer notícia, olhando para uma câmera que interligava uns trezentos mil telespectadores, seus olhos ensopados, sua boca entreaberta, era o completo sentimento da tristeza, sem a máscara da imparcialidade. E o que fizeram? Cortaram para o comercial. Casa de ferreiro, espeto de pau.

Imagina só quando você sai de uma cidade, onde tinha trabalho, mulher, diversão e dinheiro, acontece o maior redemoinho que poderia haver na região. Nem mesmo a oliveira que seu bisavô plantou na pracinha de baixo, ficou em pé. Você consegue imaginar todos os seus amigos sobrevoando a cidade em meio a poeira, carros, pedaços da evolução tecnológica e meio mundo de árvores, tijolos, vasos sanitários e muito, mas muito dinheiro? Acho que sim. Até o pinball do zero-zero-sete se perde por aí. E você adorava tanto. Seria essa, a parte negra do texto do século? Seria essa onde imaginamos aquela menina linda de tranças em jogada em algum canto da cidade destruída? Não. Essa é a parte que cada um imagina o que mais amava, se encontrando com uma latrina podre no meio do redemoinho, triste e infelizmente. (parte podre, trabalhar um pouco mais as lágrimas e tentar dar um close nos olhos do[a] protagonista)

Eu tava lembrando que ficar falando muito do que deveria ser, é um baita preenchimento para o que você não é. É como aquela pergunta: "o(seu) co(r)po tá metade cheio ou metade vazio?". O que você responderia? Nice eyes, pretty fly.

domingo, março 27

Vida Ordinária, Vida Bandida

Aqui vai meu filme.

Quando entlei na escolinha, todos ficavam me chamando de cebolinha. Ah! Que melda! Eu odeio falá assim, mas falo, ué! Resolvi entlá plo mundo das dlogas. Que dloga! Nem dloga sai dileito! Enfim, pulei o plimeilo capítulo: meu amô. Aos tleze, entlei na sala de aula e ela tava lá. Só ela. Todos os outlos ficalam pleto e blanco. Ela ela cololida. Minto. Num foi assim.

Eu semple conheci a Isadola, mas conhecia ela como amiga. Estudava na mesma sala que eu, fazia as mesmas talefas. Ela ela supê gente boa. Ainda é. Um dia, ela me ofeleceu um maldito de um chocolate que amo, o Talento. Minha nossa senhola! Fui aos céus. E me apaixonei pela Isadola. Que dloga! O nome dela é tão bonito, mas fica uma melda quando eu falo! A gente se aploximou e blicamos de médico. Opa! Isso eu não conto! É coisa só pla eu mesmo.

Daí não aguentava mais cebolinha pla lá, cebolinha pla cá, e entlei no mundo das dlogas. Só culto uma elvinha mesmo, nada mais. Malia Juana, outlo amô meu. Eu acho.

Ah! Esqueci de falá. A Isadola e eu somos um segledo. Num conta pla ninguém não, ô!

Corta pro preto e fecha com os créditos. Obrigado, cebolinha! Amanhã no mesmo horário.

quinta-feira, março 24

Pedi por isso?

Eu queria um suco, sugeri a jarra. Ela não quis. Veio meu suco, um copo só. Copo de plástico, meio plástico fubento. Plástico de terceira. O Manuca pôs um canudo. Mas que merda de canudo! Tinha cocô de mosca. Eu vi. Eles viram. Todos viram. Virou moda reaproveitar canudo. Ganhei outro suco, que se aquilo num era uma mecha inteira do cabelo do Manuca, eu me dane! Tinha mais cabelo dentro do suco do que na minha cabeça. Uma vergonha. Ele tem que usar aquelas redinhas ridículas na cabeça! Assim num dá. Ganhei meu terceiro copo, já tinha mudado o sabor mesmo. Goiaba. Dessa vez tudo certo. No final, o Manuca gastou uma jarra, mas eu só tomei um copo. Entende a relação? Tudo por que? Ah se tivesse feito a jarra toda logo!

Manuca fechou a barraquinha. Virou mendigo artista. Virou moda reaproveitar canudo, né Manuca?

quarta-feira, março 23

Sei lá, talvez os sinos não dobrem para mim

É como Romeu e Julieta. Não a pizza, mas a "shakespereana" história. Ninguém vai morrer, muito menos se ferir fisicamente. Mas é aquele grande dilúvio de lágrimas e pensamentos ruins. Talvez devo escrever essa nova história, talvez não. Mas é um segredo que cofre nenhum bota defeito. E como sempre, tudo que é proibido, é mais gostoso. Romeu sabia disso e foi feliz (?).

Não são duas famílias, mas dois lados. O nosso e o deles. Dois contra todo mundo. Na democracia, já haveria o placar final mesmo antes de começar. É como correr de lobos. Você sabe que eles tão com fome e você tá perdido na floresta. Você vê uma árvore e pensa: "alimento os lobos e sigo com a cadeia alimentar? ou subo na árvore e espero a chuva, pra que ela sim, me leve pra bem longe daqui nos meus pensamentos?". O instante mínimo entre os lobos, você e a árvore são decisivos. Nessa hora rola uma música triste (pois independente da escolha, trás tristeza, ou pra um, ou pra outros) e a tela fecha num preto esquisito. Todo mundo se pergunta: "ué? cadê o final?".

Pularam.

domingo, março 20

Não satisfeito, como o próprio prato

Atchin! Saú(da)de!

"Go to sleep little baby"

Talvez haja uma forma de encantar pela palavras. Ou ainda por imagens, pelos olhos, pela comida, um cheiro, um beijo. Tem gente que se apaixona pela forma de mastigar, de assinar o cheque, de pegar em dinheiro. A paixão deve nascer dessas pequenas coisas. Mas nunca tinha pensado que o encanto venha pela alma. Apaixonar-se por uma alma. Passar a reparar naquela alma. Isso é algo estranho no começo, mas acho que acaba pegando. Não existe seio, sexo ou setença de amor que faça a pessoa mudar. É a alma e pronto. E quando se apaixona por uma alma, aí a coisa pega.

Gostar do que se estar por conhecer e não pelo que se quer conhecer. Essa é a idéia. Isso acaba me matando.

Fico nessas palavras e preparo-os que muito mais tá pra vir.

quarta-feira, março 16

Bule não se basta (um trocadilho sonoro a uma banda)

Acordo com aquele imenso seio na minha testa. O que sou? Onde estou? Acordo apenas os olhinhos, meu corpo ainda estático. Não movo nada. Apenas olho. Dali, vejo um umbigo, amigavelmente lindo, uns pêlos pubianos e um joelho fino. Estou certamente no caminho certo do olhar. Como cheguei aqui? Como vim parar nesse cantinho? Consigo ver que o dia já raiou, mais ainda mantém os tons alaranjados de um sol preguiçoso. Sinto um tremor e de repente, bang!, uma mão cai sobre minha cabeça. Ainda imóvel, apenas meus olhos ficam com medo. Eles piscam, olham pra cima, tentam encontrar uma continuação daquele braço. Começa um movimento nos fios finos, passa a englobar toda uma mecha e em poucos segundos está acontecendo um movimento divino: um cafuné! Oh Deus! Obrigado por criar o cafuné, divino.

E para todos um chá de erva doce, sempre atento que um bule não se basta.

sábado, março 12

Enquanto isso me interrompem o coito das palavras

Parece que estou ilhado. Por enquanto, sim. Mesmo que arranje o número do telefone público da padaria, roubam os fios. Cheguei ao limite de ligar para o motel da cidade vizinha, pedi para que chamassem na casa dela, mas o carro se perdeu. Nunca mais viram os benditos. Ilhado. Perfeitamente ilhado. Procurei na lista. Letra P. Pombo correio. Nada. Num tem por aqui. Acendi uma fogueira, mas choveu. Liguei pro Telegrama: "Esse serviço está fora de funcionamento. Por favor, tente mais tarde". E se fosse meu pai morrendo? Maldito Murphy! Inventa essa lei e espalha por aí. Mas enfim, um dia minha garrafinha com as últimas palavras de um sonhador chega a ela, e então, darei aquele sorriso maroto.

Minha ilha é um pedaço do que não se encontra.

E no volume dez, te canto sussurando em teus ouvidos, esforçando meu espanhol mais choroso:

"Una palabra no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
igual que el viento que esconde el agua
como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
y al mismo tiempo lo dice todo
como la lluvia sobre tu cara
o el viejo mapa de algún tesoro.

Una verdad no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
como una hoguera que no se apaga
como una piedra que nace polvo.

Si un día me faltas no seré nada
y al mismo tiempo lo seré todo
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo,
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo."

Una Palabra, Carlos Verela.

domingo, março 6

Rárárá disse o Rato

Num rola. Num rola o quê? O que num ia rolar. Talvez. Não telescope o meu disco. Não disse isso. Talvez. Vamos transar? Coloca aquele violãozinho. Colocou água nas plantas? Hum. Fiz um pavê pra gente. Pra gente? Ah! Foi pra tu mesmo! Eu trouxe um livro pra você, sua cara. Vamos trocar de carro? Amei nossa sala. Comprei um pufe para a nossa salinha. Comprei salame. Porque chegou tarde? Desculpa. Você tá chorando? Parece que é câncer. Não vou pro trabalho hoje. Parabéns. Te amo. Porque você tá chorando? Você, me faz feliz demais. Sou teu. Vamo viajar! Um filho? Claro! Olha essa casa, que linda! Comprei uma churrasqueira. Acho que você tá fumando demais. Eu paro. Vamos cozinhar. Você é tão baixinha que meu amor nem precisa ser tão grande. É imenso. Olha o que te trouxe. Chega mais. Passando mal? O que foi amor? Vamos pro hospital. Ele acordou. Lindo. Parece com você. Eu disse que te amo, por isso vai lá pegar ele. Ele só chora. Vai ler algo pra ele. Canta. Linda. Você me arranhou muito, como posso trabalhar assim? Você adora. Vai mostrar suas cicatrizes, meu herói. Sou seu menino. Me ame, desgraçado! Eu amo demais. Daí você, simplesmente, decide me abandonar e se enforca. Muito bonito, desgraçado! Porque? Porque? Esse menino é do leiteiro mesmo, seu fresco. Só me faz sofrer.

quinta-feira, março 3

Neca de Quitibiriba

Nã-nã-ni-nã-não. Não vai ter agora. Só depois. Abaixa o facho. Eita! Relaxe um pouco. Fecha os olhos. Não morde! Fecha os olhos. Consegue sentir meus dedos? Hm. Agora lambe seus lábios. Quero ver sua língua louca para pular fora da sua boca. Mordisca os lábios. Sente agora meus dedos? Eles vão e vem. Assim. Assim. Vai se entregando. Solta as mãos do travesseiro. Isso. Quero você solta. Relaxa as pernas. Se solta. Êpa! Não fala nada. Fica calada. Quem comanda aqui sou eu. Hm. Sentiu a mordida? Gostou, né? Já vai em quantas? Sete? Oito? Só nessa brincadeira. Agora vamos a coisa séria. Preparada?

terça-feira, março 1

Surprise

Ah grande zéfiro! Esse mensageiro de boas lembranças, de bons sentimentos. Daqui ouço o barulho do mar. Meus olhos cerrados ainda imaginam as últimas palavras profanadas por aqueles pequenos lábios. Um dentinho tão lindo melado de saliva. Talvez seja o movimento das cortinas, esparramadas numa geléia de luz, que me faz querer tanto aquela dança de corpos novamente. Movimenta um olhar preguiçoso. Anda com essa língua.

Não posso mais sentir meu braço. Você dormiu em cima do meu braço, acorda. Acorda. Preciso reviver meu braço, pois todo o resto flama. Nice girl. Agora lá vem essa sua forma sapeca de não me fazer dormir. Arrá! Precisamos de uma cama maior.