tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

terça-feira, junho 21

It's not disease. It's easy.


Sun is rising...

Me acordo já querendo saber o que é. Tem olhos arregalados. Lembra um peixe colecionador de bolhas de um desenho famoso. Já bato os olhos nos olhos do espelho. Tá ali a criatura devorada. Meio galho de uma árvore abatida, só pode. Parece um toco torto. Um meio morto. Cabelo aos céus. Uma baba já seca. Lábios dormentes. Foi a noite de sábado. Cachaça, maconha, Zarate e pouca luz. Um livro esquecido dentro de um elefante. Que imagens. Pernas trançadas. Transadas. Remexe-se o lençol. Achei uma moeda de dez centavos. Colcha velha. Travesseiro molhado. Não sei o que estou falando, ando com sono. Adoro falar enquanto caminho ao mundo enevoado onírico. Que delícia. Lambe uma orelha. Morde um seio. Sem risos falsos, quero um daqueles marotos. Lá fora, três cachorros chorões e meia tonelada de rãs safadas aclamando por seus sapinhos. Deveras frio? Entra no meu suvaco, envolta num abraço, morada num peito quente, dormida num gemido sonolento. Adoro falar sonhando.

quarta-feira, junho 15

Metade vazio ou metade vazio


Nobilis

Eu não sei o que escrever. Mesmo se soubesse, acho que não sairia metade. Vazio. Que base? Converso comigo mesmo. E me minto por várias vezes. Sempre me pego numa dessas. E é nessas que a gente cai e dói pra caramba. Dói até pra levantar. Canta a Elis: "Vem sofrer, vem sofrer". Incrível isso. Baldes de lixo. Latrinas. Num era esse nome? Sei lá. Não convém. Desdém. Vomito. Que nojo. Igual bafo da manhã. É nojento, mas tem como viver sem? Hollywood. Lá se consegue tudo. Até a morte. Nos diga o Bruce Lee. Merda, até assim ainda arrumo espaço pra uma piada sem graça. Tchau.

segunda-feira, junho 13

Abre espaço


Era de uma época em que sorrir era apenas uma forma de comprimentar as pessoas. Onde a endorfina transbordava pelos olhos em forma de lágrimas. Era nostálgica ao ponto de esquecer o bê-a-bá. Triste, era muito triste. Fora mais feliz que seu próprio sorriso. Mas hoje, era triste.

domingo, junho 12

Não pise na minha sombra com seus coturnos de aço


Dali representava os mistérios femininos através de gavetas. O arquivo em questão possui a cor do céu, pois o peito fechado cheio de estrelas adota sua cor nos dias de sol de outrora.

Chico e sua monstruosa forma de transcrever a vida.

Essa moça tá diferente
Chico Buarque

Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar
Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ve o astronauta
Descer na televisão
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem
Essa moça tá diferente (etc.)
Essa moça é a tal da janela
Que eu me cansei de cantar
E agora está só na dela
Botando só pra quebrar
Mas o tempo vai (etc.)

sexta-feira, junho 10

Carcará não se mete com ele


Precisava adquirir uma virtude sombria. Existia mais de seu mist?rio que as gavetas de Dali.

Era preciso um verão inteiro pra haver um eclipse naquele olhar. Seria uma das meninas mais longas de olhar que existiu no mundo. Sei não. Mas havia um verão pela frente. Havia meio mundo de gente. Não soube da vida dela depois daquela noite. Era baile a fantasia. Ela de Mortícia. Eu de Alex de Laranja Mecânica. Kubrickiniana demais, segundo a crítica. Sei que um tropesso acabou num beijo. Um tapa num sorriso. Um olhar numa mordida.

Era preciso cinco filhotes de andorinha para fazer aquele verão. A Mortícia fugiu pra longe, terra dos mortos. Eu acabei naquela praia, até o final de verão, sozinho com minha idéia de tirar fotos no mar e caçar vagalumes na beira-mar. Mas sozinho num dava. Minhas gavetas estavam estragadas. Não tinha o porque do mistério. Não havia vagalumes. Não havia nada.

terça-feira, junho 7

Track 19, Repeat 2, Volume 8


Paredes da cor do sonho.

Você não entende nada
Caetano Veloso

Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita

Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como

Você não está entendendo
Quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora

E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo

Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita

Traz meu café com suita eu tomo
Bota a sobremesa eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como

Você tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora

E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo

sexta-feira, junho 3

Das tuas lágrimas e meu degrau


Não te sintas triste, ó Dara. Pois nos teus olhos reside a essência da minha alma.

Não te sentes nessa pedra, pois ela não sente por ti. Assim como todos os olhos ao nosso redor. Não adianta ver um leão, é apenas um pequeno gato nessa vida. Arrumei a mala. Coloquei cinco ou sete cuecas sem elástico. Preciso comprar umas novas. Aquele meu casaco novo, uma camisa azul (pois ele veste azul), uma sunga e meus chinelos de couro. Suficiente. Ah! A priprioca. Essa maldita. Num larga de mim, nem eu dela. É o meu cheiro de mato particular. Coloquei também a Polaroid e te mando em cinco semanas umas fotos engraçadíssimas com descrição de cada mini detalhe que aparecer no enquadramento.

Dara, não esqueça que ainda fecho os olhos. Não esqueça que ainda cruzo os dedos. Não esqueça que ainda durmo vazio. Não esqueça da sala de leitura verde. Enfim, esqueça da chuva e dois ou três "adeus" mal dados. Que rolem os dados.