tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

terça-feira, julho 27

Exercício de Diálogos Anônimos

Apetitosamente Relaxada.

- Te juro.
- Não me jure.
- Daria aquele beijo se você não tivesse rasgado tanta seda.
- Isso, no meu ponto de vista, não é desculpa. Minha boca estava lá, apetitosamente relaxada para um beijo seu.
- Mas...
- Ô Carlos, num me vem com justificativa. Você não beijou e pronto.
- E agora?
- Agora o quê?
- Posso beijar?
- Vai beijar o quê? Minha boca ficou no passado. Apetitosamente relaxada no passado.
- Mas eu posso voltar atrás.
- H.G. Wells Júnior, você não vai usar sua máquina do tempo de novo, vai? (aplica um tom de deboche)
- Ô Marta, pelo amor de deus. Eu só quero um beijo.
- Tá bom. Se eu falasse o mesmo naquela hora, o que você faria?
- Ah. Num sei.
- Peeeen! Resposta errada, Carlos.
- Então vou te roubar um beijo.
- Não. Você vai encostar seus lábios no meu. Mas não terá meu beijo.
- Inferno! Maldita parte técnica! Porque as coisas não são práticas?
- Porque não seriam apetitosamente relaxadas.

 
A Inconstatibilidade de Fausto

- Me passa o arroz.
- Você é muito engraçadinho.
- Obrigado, amor.
- Isso foi irônico, Fausto! I-rô-ni-co!
- Ah. Eu agradeci pelo arroz.

 
Coma o Meu Cavalo

- E seu eu te fechar agora com essa torre e ameaçar sua rainha com meu cavalo?
- Como seu cavalo!
- Mas num pode! Se você comer meu cavalo, a minha torre come seu pião, que libera espaço pra meu bispo avançar e em duas jogadas você estará completamente aberta para eu dar um xeque-mate.
- Então me come logo, Júlio. Vem, me come!

sexta-feira, julho 23

Alarmes Parabólicos e um pateta que me chama aos ouvidos

Eu rio na sua cara e ainda digo pra sua mãe que você tava me chamando de Patético Paquidérmico. Tá brincando? Se arruma que você vai pro concerto, Luiz. Nada de música clássica, é o erudito do movimento anarco-punk-funkadelic. Se reclamar, a boca esmago. Olha pra cima, vagabundo. Vê se num mete com força, Roger. Alô? Quem tá falando? Liga pro 0800, sua anta. (risos) Você me faz feliz, Rita. (risos) O problema é meu. Tentáculos assassinos invadem a minha mente. A receita diz dois comprimidos, Alfredo. Dois! Quem chamou o bombeiro? Rezemos perante a comida do Senhor. Ato falho, Elisa. Reunião hoje de sete da noite, Valéria. Ruins de cérebro, bons de ouvido. Cadê o mago? Contrataram um mago? Corra infeliz rato. Podre essa crítica sobre o movimento dos astros envolvidos com drogas e atos libertinos nos últimos trinta e seis anos, não acha Rubens?

- Co-cospe fora! Co-co-cos..
- Co-co-ri-co-có, é Mainha?
- Não zomba da minha gagueira, infeliz!

Pluma.

segunda-feira, julho 5

Why does my soul, feel so bad Constatin?

Perdón. Yo soy la desintegración.

- E todas aquelas manifestações artísticas de que já lhe falei cessaram. Foram-se com o vento. Bolinhas de ar, talvez. Talvez encubidas em apenas transtornar a mente dos não-pensantes (coisa que, para mim, não há sentindo algum), cessaram por não atingir seu público alvo. Melhor, não erraram, acertaram o público errado.
- Que público?
- Dos públicos.
- O público dos públicos.
- Sim, os deuses.
- Mas que pensamento politeísta é esse?
- Da forma como você fala, pensar dessa forma é errôneo. Mas acredite, minha cara, que esse pensamento talvez seja o dos mais certos.
- Não sei. Pra mim isso é papo de grego.
- E olha onde eles chegaram com esse papo.
- É. Não sei. Agora você me deixou confusa.
- Não era a intensão. Mas vamos clarear algumas idéias. Acredite que na verdade, a manifestação artística que lhe falei não atraiu aos "não-pensantes" e muito menos ao considerados "pensadores" da época. Essa manifestação enfeitiçou os olhos dos deuses.
- Como você sabe?
- Conte quantos arco-íris você vê agora no céu.
- Um, dois, três... nove, dez... Minha nossa. Não tinha percebido.
- Pois bem. A chuva e o sol, enviadas pelos deuses, é que provocam essa manifestação artística. Agora conte quantas flores amarelas você nessa avenida.
- Nossa! Existiam tantos ipês aqui?
- São os deuses, minha cara. Eles estão criando e não estão pra brincadeira.


- Mãe, olha só aquela pomba!!!
- Aquilo é um cisne, Constatin! Um cisne!