Godofredo e a estética da frenética métrica bélica de Lisbela
- Mãe.
- Oi.
- Você se chama Mafalda, sim?
- Claro, não é Godofredo?
- Pronto. Agora me diz um nome para por em minha formiga.
- Que formiga, Godofredo?
- Eu conheci ontem. Ela me pediu um nome. Tou pensando.
- Ah num vem com essa.
- Tem que rimar com Jubileu Teleniosmânico da Esmeralda em sua Tabela.
- E o que diabos é isso?
- Lisbela! Rimou!
- E cadê sua amiga formiga?
- Tá na China.
- Como assim?
- Ela entrou no formigueiro, que de tão fundo, sai na China, o outro lado do mundo.
- Ah é? E ela sabe mandarim?
- Eu ensinei.
- E onde você aprendeu?
- No biscoito da sorte.
- E agora vem com aulas de mandarim?
- O meu veio.
- E quando foi que você comeu um biscoito da sorte?
- No meu sonho.
- Ah.
- Lisbela. Mas ela não tem cara de Lisbela.
- Ah não? E tem cara de quê?
- De Eternal Shine.
- Eternal Shine é nome de vaca, Godofredo. Do seu tio Espora do Bigode Aceso.
- Mas titio colocou o nome da vaca por causa da formiga.
- Afe. Que confusão, Godô. Vamos deixar isso pra conversar amanhã. Vá dormir.
- Eu não. Tou esperando um e-mail de Lisbela.
- E cadê seu computador? Comprou um, foi?
- Meu computador tá dentro da minha cabeça. Ele foi feito pela Appleginação.
- E que empresa é essa?
- Apple Imaginação Sociedade Anônima.
- Não sabia que existia essa agora.
- É porque ela é anônima.
- ...
- Lisbela. Ela tem uma certa arma nos olhos. Me apaixono por garotas assim.
- No auge dos seus cinco anos?
- Cinco anos de corpo, mama.
- Vá dormir.
- Xeng Lin Tan Xing.
Gertrudes e fertilidade de Procópio Filho da Puta
- Bom dia.
- Bom dia, vim visitar um louco.
- Qual nome, senhora?
- Procópio Filho da Puta.
- O-o-o-que a senhora é de-de-le?
- Ex-exposa, ex-amiga, ex-tudo.
- Ok. Maicou! Acompanhe a senhora até a sela 3.045.
- Olá Procópio.
- Bom dia, senhora.
- Olha, vim cobrar a senha do cadeado.
- Que cadeado?
- Do armário do depósito.
- Deposite seu envelope no buraco abaixo.
- Você vai ver o que vou depositar no seu buraco, seu louco de merda.
- Calma senhora. Você tem vários problemas gástricos. Anda para trás e para frente.
- Ô Proc...
- Que atrás vem gente.
- Filho da égua! Me diz os número.
- Um, dois, seis, nove, cinco, quatro. Não necessariamente nessa ordem.
- Ai meu deus.
- Cadê o carbono?
- Virou figurante de outros diálogos.
- Quero falar com o carbono.
(Carlos Onofre aparece atrás de um croma key rosa, na verdade ele foi incluído nesse diálogo por extrema necessidade. A satisfação dos atores é nosso maior lema. O senhor Procópio não poderia ficar sem falar com seu próprio filho.)
- Olá pai.
- Carboninho!
- Não me chame assim. Você sabe que fico com vergonha.
- E a revolução?
- Em processo de aplicação final.
- E os bem-te-vis?
- Todos mortos.
- (risadas estrondosas de platréias freneticamente alteradas por drogas ilegais). Isso tá me cheirando fala de outro diálogo.
- É o maldito estúdio 4 do Doutor Cuervos!!! Sempre sai uma fumaça medonha de lá e acaba que a nossa platéia é que fica alterada.
- Meu filho, você precisa ter forças para superar esse rebaixamento.
- (risadas escandalosas de platéias perdidamente flutuantes) Terei, papai.
(Infelizmente, Carlos Onofre não tem tantos privilégios para continuar nessa cena. Sua mãe, pode entrar com processo contra nós).
- Vim te dizer uma coisa, Procópio Filho da Puta.
- Alô?
- Estou grávida.
- Gravidade.
- De você, monstro!
- Drácula.
- Como pode me bulinar nos meus próprios sonhos???
- Losing my religion.
- E já escolhi o nome.
- Nomeclatura de polissacarídeos.
- Ele se chamará...
(tantantan-tan-tan! Continua no próximo capítulo)
Próximo Capítulo
- ... Zigifrid Oconcur!
- Zélia, Márgora, Bendina, Porlova.
- Fala alguma coisa, miserável!
- Gertrudes, minha cara, é triste a sua inocência em acreditar que esse filho seja meu. A gravidez por sonhos está muito longe de ser alcançada pelos seres humanos. Já soube, por contatos infelizes, que sua pessoa anda frequentando shows de
go-go boys, e que não perdeu sua triste mania de gritar perante pênis monstruosamente grandes. Zigifrid vai ser mais um dos oito filhos que você teve enquanto estive confinado nesse hotel de lúcidos e será tão triste quanto todos os outros. Claro, exceto Felizberto, pois ele, nem você o reconheceu como filho. O coitado. Agora saia dessa sala e me deixe pensar um pouco sobre a aplicação de nomes estranhos em diálogos surreais, pois talvez isso não dê certo. E não queira abrir o armário do depósito, lá só há mais diálogos estranhos como os nossos.
- Uh.
- Wake up.