Logo, logo.
Ela dirigia tão perto da direção, que quando caia num buraco, soava a buzina. Coitada. Era confudida com Nietzsche nas sessões do grupo de apoio aos Bigodes Protuberantes. Era infeliz em sua casa de boneca e três vezes mais infeliz na bagunça dos seus horários trocados. Visitava o banheiro a cada quinze minutos e costumava escovar os dentes enquanto exercia suas responsabilidades no dia-a-dia. Plantava maconha em uns jarrinhos cor de rosa na beira da cama, mas nunca sequer tragou cigarro comum. Achava bonito o formato das folhas. Tinha um gato chamado gato e um peixe chamado tartaruga. Seu próximo bicho seria um cachorro que chamaria de leão. Adorava trocar os nomes das pessoas e ficar rindo da cara de estranhamento delas. Ligava para a pizza e pedia um motoqueiro com bom senso de humor. A farmácia já estava cansada de negar as "lasanhas" solicitadas por ela. Andava pelas ruas do centro atrás de artistas populares para poder dar cinco ou dez centavos. Era muito infeliz, mas seu grande segredo era não transmitir isso para as pessoas. Dizia: "Eu posso tá com gripe, mas não quero que os outros peguem. Se tou triste, não quero ver ninguém com a boca curvada para baixo". Chamavam ela de louca, sapatão, psicótica, burra, ingênua, incoerente, estúpida, mongol, retardada, monstro, pelo simples motivo de serem incapazes de não transmitir os maus sentimentos e acabavam descarregando nela. Mas Elina não se intimadava e apenas retornava com um sorriso que fazia pássaros cantarem, como nos filmes da Disney. Bons filmes da Disney.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home