Um filme onírico.
Uma certa época, achei que nos sonhos, o meu peri-espírito vivia minhas histórias mais surreais. Mas se o sonho que tive hoje de manhã foi vivido, com certeza merece um relato descritivo nos mais ínfimos detalhes. Estou ainda embasbacado como ainda lembro de tanta coisa no sonho. Algumas nuances foram adicionadas agora para dar um ar mais realístico a história, já que, para mim, ela foi vivida.
O Teatro do Furo
Era daquelas noites que cada pingo de chuva fazia a gente ficar mais perto dos lençóis de algodão da nossa cama. Em um camarim à la século XV, pufes arredondados e avermelhados decoravam o ambiente. Algumas pessoas sentadas e deitadas no ambiente. Eu era apenas um amigo dos atores. Conhecia cada um deles. Já tinha trabalhado com eles em outra época. Por íncrivel que pareça, eram publicitários, e agora são atores. Eu apenas dizia coisas debochadas para relaxar a trupe, que deitada, escutava algumas histórias entre tentativas de decorar as falas da peça há quinze minutos de tudo começar. Então me entra o diretor da peça expulsando todos que não fossem da trupe. Naquele expulsa-não-expulsa, vejo vários amigos meus que não estavam na sala, saindo de cantos escuros. Acho estranho, mas sigo em frente.
A partir desse momento, a visão que era subjetiva, passa a ser objetiva. Vejo o teatro pelo lado de fora. Uma tempestade cai pelos quatro cantos da minha tela onírica. É uma noite que não parece ter fim. O teatro tem uma aparência de prédio gótico dos tempos antigos. Na frente um portão de ferro que deveria pesar uns setenta quilos. De repente, uns treze a quinze rapazes aparecem no portão jogando bola. Usam o portão como trave. Eles jogam bola com sacos de plástico na cabeça. De repente, um dos homens olha para o teatro e entra pelo portão. É possível ver que o saco plástico envolve toda sua cabeça e uma área mais transparente do saco é usada como visor na região dos olhos. Ele anda com firmeza e vai em direção a grande porta de entrada.
Nessa hora, a visão volta a ser subjetiva e acabo vendo através do saco plástico. E fui de encontro a um dos guardas do teatro. Esse ficava no canto esquerdo, num buraco da parede. Ao me aproximar, puxei uma adaga que ficava numa bainha de couro. Cortei o pescoço dele. Vi as linhas que fiz naquele pescoço carnudo. Vi que os rios de sangue que se criaram diante dos meu olhos. Eu tinha começado e não poderia parar. Fui para o guarda do lado direito. Com esse, parece que minha adaga já via seu destino, foi mais fácil. Enfei a adaga em seu peito, que é menos de segundos, parou de existir. Tirei o saco da cabeça. Abri a grande porta e entrei no teatro. Estava lotado. Não vi se havia uma peça sendo apresentada, mas vi que muitas pessoas olhavam para o palco iluminado e não me perceberam entrar. Eu não estava vestido muito diferente dos que estavam ali dentro. De repente, uma mulher ao meu lado olha para mim e rir. Rir feito deboche. Como se eu fosse algo ridículo. Ela pressionou o peito do namorado, ao qual abraçava, e ele olhou para mim também, rindo. Não titubeei, meti a adaga no meio dos peitos dele. Mas o movimento foi tão rápido que ele não percebeu. Seu riso continuou forte em seu rosto. A adaga foi ao peito da namorada. Percebi que meus movimentos eram tão rápidos que eles nem sequer sentiam dor. Então fui ao meu massacre. O teatro estava lotado e lá fora, uma chuva que os empedia de fugir.
Acordei. E acordei com a certeza que foi o maior genocídio cometido. E um genocídio sem que as pessoas percebessem que estavam morrendo.
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