tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

segunda-feira, janeiro 31

D'as Norma's.

É de praxe. Bota uma musiquinha lounge e senta a bunda na cadeira. Se quiser, copia e cola e imprime. Tá livre. Fica na boa.

O Lúcio é o típico cara legal. Super gente boa, manda ver nas piadinhas. Tem umas sacadas super rápidas. O Lúcio sempre foi desses de se jogar na vida. Boa a história do Lúcio. Talvez a história de todos nós. Dia de Carnaval era pular feito um louco. Frio, simplesmente, enfeitaçava o Lúcio. Era serra pra cá, montanha pra lá. Conheceu a Estela. Ih! A Estela também, figuraaaaça. Dançava pra caramba. E dançava tudo. Menina sapeca, sempre com jeito de menina. Encantava todo mundo.

O Lúcio, que era super gente boa, começou com essas nóias de perder alguém. A insegurança da felicidade. "Tristeza não tem fim, felicidade sim", dizia o poeta. "Ah, foda-se!", dizia o Lúcio. E ia vivendo. Tava ali pra curtir mesmo. Queria ser muito feliz. E era. A Estela era super gente boa e sacava qual era a dele....

Aqui acaba a história do Lúcio. E da Estela também. Não porque a história tenha um fim, pois não terá, mas porque minhas veias que estimulam a parte criativa do cérebro, entupiram. Eu quero mostrar agora as linhas das minhas mãos pra vocês lerem. Quero que vocês leiam rugas, sinais e músculos. Sorrisos, lágrimas, movimentos de dedos. Ou seja, quero ser visto e não lido. Quero ser tocado e não exposto.

Assim dizia o poeta.

terça-feira, janeiro 11

É sem rascunho

É no ato. Sai agora. Você lendo aí e eu escrevendo acá. É tiro e queda. Pei-bufe.

Agora não sabe se era na casa dos Trincheira, mas tinha a certeza que era a filha deles que dava em cima da turminha. Era cerca de cinco ou seis rapazes que sempre andavam juntos. Camisas de banda, jaqueta de couro, coturnos soviéticos e umas boinas que vou te contar. A turminha era gente boa, mas num tinha dez centavos pra dar. Sempre juntos, os rapazes curtiam ir a praia de noite, cantarolar umas músicas clichês e nos sábados, bater perna pelo centro. Faziam bagunças nas lojas, tiravam onda das senhoras caquéticas e ainda zoavam dos artistas de rua. Um deles virou advogado, claro. Sempre tem um que vira advogado. Outros cinco, não se sabe como e porque, criaram um club gay onde apresentam um cover mal acabado do Village People. Detalhe importante: o índio americano foi alterado para um modelito básico de adão. Problemas de custo, sabe como é. Mas tava falando da filha dos Trincheira. A menina era linda. Usava um óculo do tamanho da cabeça dela e andavam com vestidinhos curtos, aumentando a curiosidade dos rapazes. Ah, eu já falei dos rapazes? Era cerca de cinco ou seis rapazes que sempre andavam juntos. Vai entender.

* * *

Ao som do "Fé Jamais", escutava sucessos como "Colisão" e "Seja Agressivo" tomando banho e batendo punheta. Era um autentico nacionalista babaca. Tudo que ele queria era que todo mundo falasse tudo traduzido. Me dê um "Leite Batido" e meia porção desse bolo de carne. Era agoniante. E ele era a agonia da sociedade. "Sou daqui, não falo língua de lá", dizia. Tudo que mais queria era ser astronauta. Na URSS, claro.

terça-feira, janeiro 4

Tagarelando pequenas palavras cruzadas

Um dia um frio me bateu na barriga. Era daqueles que você chega fecha o olhinho. Mas era tão bom. E esse frio foi aumentando, crescendo e se solidificando. Até que se formou um cocozinho. Ah, era daqueles pequenos e fininhos. Um cocozinho sem cheiro, gosto ou textura. Era um cocô, era o que importava.

"Deus está nas pequenas coisas". Dar vida aquele cocozinho foi um ato divino. Aquela transformação foi surrealista o bastante a me comover de tal forma, que meus planos de vida, sonhos e idéias sobre o que queria, mudaram. O cocozinho virou uma pequena lagartinha. Uma linda e pequena lagartinha.

Aprendi, quando pequeno, que lagartinha se escreve como acabei de escrever. E consegui decorar a forma certo pelo erro. Quando colocamos o "r" antes do "g", forma a palavra "larga" que lembra: "larga essa idéia de por r antes do g". Por isso, o "r" vem antes do "t".

E a lagartinha ficou lá no estômago, pequena e lentinha. Mas a sapeca num queria ficar parada. Aprumou um cantinho alto e fez um lindo casulo com ondulações de um branco cintilante. Na verdade, o casulo era laranja, mas apresentava esse branco com a presença da pouca luz que vinha de um túnel na minha barriga.

Não sei se posso brincar de cientista da natureza e acabar modificando os hábitos animalescos de uma lagartinha, mas ela se transformou numa bela libélula. Suas asas eram branquinhas e ela tinha um olhar lindo, de esperança. E libélula que é libélula num fica parada. Num foi por menos que ela resolveu sair daquela barriguinha e ir entrar no túnel, que agora não apresentava nenhuma luz. Acabou por encontrar outro canto escuro, meu peito.

A libélula acabou pousando numa parede daquele canto escuro. De repente, um bater de asas, que não eram as dela, foi ouvido a poucos centímetros dali. E um pequeno vagalume, com uma cara triste, lhe apareceu.

- Olá vagalume! Porque sua bunda não está acesa?
- Me chamo Amor.
- Olá!!! Você quer ficar comigo?

E para isso, o vagalume precisou percorrer 10 horas dentro de um lugar frio, se aventurou em outros lugares e finalmente estava com a libélula. E sua bunda acendeu.

- Olha vagalume! Sua bunda! Você tem um rabinho!
- Ah! Ela acendeu!

A libélula e os vagalumes até hoje existem e vivem juntos.

Ainda bem.