Tagarelando pequenas palavras cruzadas
Um dia um frio me bateu na barriga. Era daqueles que você chega fecha o olhinho. Mas era tão bom. E esse frio foi aumentando, crescendo e se solidificando. Até que se formou um cocozinho. Ah, era daqueles pequenos e fininhos. Um cocozinho sem cheiro, gosto ou textura. Era um cocô, era o que importava.
"Deus está nas pequenas coisas". Dar vida aquele cocozinho foi um ato divino. Aquela transformação foi surrealista o bastante a me comover de tal forma, que meus planos de vida, sonhos e idéias sobre o que queria, mudaram. O cocozinho virou uma pequena lagartinha. Uma linda e pequena lagartinha.
Aprendi, quando pequeno, que lagartinha se escreve como acabei de escrever. E consegui decorar a forma certo pelo erro. Quando colocamos o "r" antes do "g", forma a palavra "larga" que lembra: "larga essa idéia de por r antes do g". Por isso, o "r" vem antes do "t".
E a lagartinha ficou lá no estômago, pequena e lentinha. Mas a sapeca num queria ficar parada. Aprumou um cantinho alto e fez um lindo casulo com ondulações de um branco cintilante. Na verdade, o casulo era laranja, mas apresentava esse branco com a presença da pouca luz que vinha de um túnel na minha barriga.
Não sei se posso brincar de cientista da natureza e acabar modificando os hábitos animalescos de uma lagartinha, mas ela se transformou numa bela libélula. Suas asas eram branquinhas e ela tinha um olhar lindo, de esperança. E libélula que é libélula num fica parada. Num foi por menos que ela resolveu sair daquela barriguinha e ir entrar no túnel, que agora não apresentava nenhuma luz. Acabou por encontrar outro canto escuro, meu peito.
A libélula acabou pousando numa parede daquele canto escuro. De repente, um bater de asas, que não eram as dela, foi ouvido a poucos centímetros dali. E um pequeno vagalume, com uma cara triste, lhe apareceu.
- Olá vagalume! Porque sua bunda não está acesa?
- Me chamo Amor.
- Olá!!! Você quer ficar comigo?
E para isso, o vagalume precisou percorrer 10 horas dentro de um lugar frio, se aventurou em outros lugares e finalmente estava com a libélula. E sua bunda acendeu.
- Olha vagalume! Sua bunda! Você tem um rabinho!
- Ah! Ela acendeu!
A libélula e os vagalumes até hoje existem e vivem juntos.
Ainda bem.
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