Exercício de Diálogos Anônimos
Apetitosamente Relaxada.
- Te juro.
- Não me jure.
- Daria aquele beijo se você não tivesse rasgado tanta seda.
- Isso, no meu ponto de vista, não é desculpa. Minha boca estava lá, apetitosamente relaxada para um beijo seu.
- Mas...
- Ô Carlos, num me vem com justificativa. Você não beijou e pronto.
- E agora?
- Agora o quê?
- Posso beijar?
- Vai beijar o quê? Minha boca ficou no passado. Apetitosamente relaxada no passado.
- Mas eu posso voltar atrás.
- H.G. Wells Júnior, você não vai usar sua máquina do tempo de novo, vai? (aplica um tom de deboche)
- Ô Marta, pelo amor de deus. Eu só quero um beijo.
- Tá bom. Se eu falasse o mesmo naquela hora, o que você faria?
- Ah. Num sei.
- Peeeen! Resposta errada, Carlos.
- Então vou te roubar um beijo.
- Não. Você vai encostar seus lábios no meu. Mas não terá meu beijo.
- Inferno! Maldita parte técnica! Porque as coisas não são práticas?
- Porque não seriam apetitosamente relaxadas.
A Inconstatibilidade de Fausto
- Me passa o arroz.
- Você é muito engraçadinho.
- Obrigado, amor.
- Isso foi irônico, Fausto! I-rô-ni-co!
- Ah. Eu agradeci pelo arroz.
Coma o Meu Cavalo
- E seu eu te fechar agora com essa torre e ameaçar sua rainha com meu cavalo?
- Como seu cavalo!
- Mas num pode! Se você comer meu cavalo, a minha torre come seu pião, que libera espaço pra meu bispo avançar e em duas jogadas você estará completamente aberta para eu dar um xeque-mate.
- Então me come logo, Júlio. Vem, me come!