Na Imperial
Sem frescura, tira a máscara. Quero ver seus olhos, mas agora posicionados num rosto que me faça cair na real. Tou de saco cheio dessa fantasia. Tá pesada, tá molhada, virou foi um fardo. Joga ali no cantinho. Comprei aquela tequila velha que você gosta, mas não achei os morangos. Sim, estamos sem. Estamos sem isso e sem um tanto de coisas. Agora me leva naquele sonho que você me contou hoje cedo. Me fala de novo daquelas cores, daquelas idéias de querer voar e saber por onde anda o Benjamim. Tá certo, eu perdôo. Mas me dá um beijinho, num peço mais nada. Gosto da sua inocência. E eu num sei? Caí de boca. Eu queria saber mais sobre aquela sua receita de lágrima, eu choro rindo ou choro chorando? Você define. Me define, me traça, me esquematiza, me apaga e me refaz. Só faz isso. Como você me quer? De bruços? Não, num tou disposto. Quero você no meu colo. Venha me contar das suas aventuras, eu sou passivo. Passo minha língua na sua orelha, prometo. Não deixa cair, essa é velha. Quer outra dose? Já estamos rindo à toa. Vivo disso, vivo dessa indecência, dessa virtude endiabrada, desse samba no pé e o fogo no rabo (literalmente). Como? Mil perdões, próxima vez num erro. Eu sei, eu sei. Sei não. Como é aquela história do Benjamim querendo ser uma árvore? Que árvore você seria? Eu queria ser uma goiabeira, sou do tipo que recompensa o esforço. Vai dormir? Então volto amanhã. Você bem sabe que não durmo junto, se não eu derreto. Antes que você acorde, eu vou está te olhando. Descanse.