Salomeh
(a falta de acentos e cedilhas no texto eh justificado pela lingua estrangeira. poderia escrever tudo que quero em ingles? nao. nao existem as palavras que quero em ingles. pois entao, o esforco para se descobrir que eh um c cedilha ou que falta um acento em algumas palavras, fica por conta do aventureiro. Por isso, o titulo que deveria ser Salome com acento no e, passa a ganhar um aga no final, pois a internet nos ensina isso).
Salomeh
E toda a historia que nos envolve no mundo
Eh uma noite tranquila. No som, bem baixo, rola um Fugees que ganhei de Victor semana passada. Victor Estes eh aquele cara que todo mundo quer numa festa, mas ninguem quer em casa. Por isso, ele vive na minha casa. Num tenho essas frescuras. Agora sao quase duas, o piano me implora um improviso. Em cima dele, um copo com whiskey e dois cubos de gelo. Eh exatamente o que voce ta pensando. Sento no piano, delicadamente, tomo um gole, estalo os dedos e preparo pro improviso. Na cabeca jah foram 2 beques e uma garrafa de vinho, tou no meu melhor mood. O subwoofer explode num baixo dos Fugees. Eu apenas sorrio. Acompanho a batida e saio dancando nas teclas. Brinco de acordes por alguns minutos ateh a campainha tocar. Penso em Victor descabelado na porta com uma cara de "esqueci a chave, foi mal, valeu, boa noite" e abro jah sorrindo. Ela me surpreende:
- Sempre abre a porta com esse sorriso?
- Eu... eh..
Ela sorrir envergonhada. Perfeito.
- Oi...
- Tudo bem?
- Meu peito ainda doi. Mas, nao, nao... me falo do fisico mesmo.
- Voce precisa ver um medico.
- Eu sei, mas...
- Posso entrar? Tah frio aqui fora.
- Ah.. Claro... entra.
- Voce tah ocupado?
- Tou, com o piano.
Ela sorrir. E me lanca um olhar com uma frase:
- Ele te implorou de novo.
- Nunca resisto ao whiskey.
- Toca pra mim.
- Eh... eh... Pera. Nao, eu nao sei tocar.
- Entao improvisa algo.
- Putz. Com certeza. Voce quer um drink?
- Vinho?
- Preciso comprar.
- Tem ainda whiskey?
- Pera, tenho um vinho.
- Nao. Voce num precisa abrir aquele.
- Eu quero.
- Trouxe maconha.
- Voce me entende, magrela.
Ela sorrir. Saio para meu quarto e abro as cortinas do armario. Na primeira estante, atras dos livros que jah li, guardo o Imperador. Imperador Bacamarte eh um vinho que ganhei de meu pai quando fiz 25 anos. Um vinho carissimo que ele arranjou com um amigo exportador. O Imperador era para um dia feliz, de comemoracao, de reuniao. Pra mim, a palavra reuniao define encontro de duas ou mais pessoas. Isso eh o suficiente. Abro o lacre e levo a garrafa pra cozinha. Passo pela sala e percebo que ela jah enrola o segundo. A noite vai ser longa. Lavo a garrafa na pia e pego duas tacas do freezer. Assim o vinho permanece mais gelado. Soft. O Fugees ainda mantem sua batida no som. Tropeco num banco quando vou em direcao a sala. Sempre deixo as luzes baixas, gosto da tenumbra. Sirvo duas tacas. Ela segura a taca no alto e fala com uma voz tao suave quanto seda numa manha de domingo:
- Ao nosso destino incerto, a todas as certezas da vida e a imensa possibilidade das coisas.
Me arregalho os olhos e lanco:
- Que seja possivel unir tudo dentro de nossos peitos e sorrir.
- A voce, meu belo.
- A tu, Salomeh, que muda de nome e cor de cabelo, mas sempre permanece na mesma alma sendo minha.
Ela chora uma lagrima, toma um gole e flutua aos meus labios. A noite vai ser longa.
p.s.: E Victor, bem, Victor Estes eh a unica personalidade minha que nao volta pra casa quando estou acompanhado.