tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

sexta-feira, agosto 13

Exercício de Diálogos Afônitos

Inverso do Oipócorp

- Alô?
- Pois não.
- É do hospício?
- É sim. O que deseja?
- Falar com um louco.
- Pois não. É o próprio.
- Procópio?
- Pois não, senhora.
- Prócopio, seu filho de uma égua. Você dominou o hospício de novo?
- Quem deseja?
- Gertrudes, seu panaca! Sua mulher!
- Não está. Quer deixar recado?
- Ô seu babacóide antedeluviano! Sou eu, a Gertrudes. Seu monstro abissal.
- Só um minuto. Vou passar para a Ala dos Monstros.
- FIlho da...
- Alô?
- Quem fala?
- É o louco.
- Procópio?
- Pois não, senhora.
- Ô grande filho da puta! Vou denunciar a revolta no hospício.
- Um grande passo para um formiga.
- Como? O que você disse?
- Primeiro o Sanatório Juca Sales, depois o mundo.
- Procó...
- Socialismè!!!
- Espera só, pra você ver. Eu vou aí te dar uns tiros.
- Digite 9 se deseja falar com o revólver.
- Procópio, seu monstro!
- Aguarde na linha, estou transferindo para a Ala dos Monstros.
- Desgraçad...!!!
- Alô?
- Ahhhhhhhhhh!


Doutor Cuervos e sua insistente forma de conseguir não trabalhar

- Bom dia companheiros de guerra.
- Doutor Cuervos, o senhor está atrasado para a sua cirurgia de coração.
- Meu coração vai bem, muito obrigado.
- Não, você é o cirurgião.
- Bem, eu nem cheguei a ser fera no curso.
- Como assim?
- Vamos, que vamos! Onde está o paciente?
- Na sala de cirurgia, doutor.
- Mas como?
- Como o quê, Doutor Cuervos?
- Quem vai fazer a cirurgia? Eu ou ele?
- Você, doutor.
- Ah não! Meu coração vai bem, muito obrigado.
- Não doutor. Você vai fazer a cirurgia e ele se submeter.
- Ao quê?
- Ao quê o quê, doutor?
- Se submeter ao quê?
- A cirurgia, doutor.
- Da sala?
- Como assim "da sala"?
- Da sala de cirurgia.
- Meu deus, o senhor tá bem?
- Eu tou muito bem, obrigado. E a senhora?
- Meu deus. Doutor, o senhor precisa ir pra sala.
- Que sala?
- A sala de cirurgia, cacete! Ops. Desculpe.
- Certo. Onde fica?
- Ai meu deus! Me segue, faz favor.
- Te cegar? Não obrigado. Faço cirurgias de coração.
- Não, doutor. Eu disse me segue! Segue do verbo seguir.
- Então siga.
- Siga o quê, doutor?
- Num sei. Você que disse aí que ia seguir.
- Puta que pariu. Eu tou louca ou o senhor tá tirando uma comigo?
- Tirando uma o quê?
- O quê?
- O que quê?
- Caralho!
- Opa. Qual foi Neuza? Tá chamando é porque tá precisando!
- De quê, doutor?
- Daquilo, ué.
- Daquilo o quê, doutor?
- Ué, daquilo, ué.
- Meu deus. Eu falo grego?
- Num sei. Atapuken!
- O que é isso?
- Não fala!
- O quê?
- Você não fala grego.
- Ahhhhhhhhh.
- Que foi?
- Nada. Nada Doutor Cuervos. Você está dispensado do trabalho de hoje. Vá pra casa descansar.
- E fumar um.
- O quê?
- Ifumaro.
- Que é isso?
- Você não fala grego.
- ...