O velho, o menino e coca-cola.
Teodoro tinha seus 72 anos. Andava bem. Vivia bem. Era de uma geração que não viveu muitas emoções. Na época das danças, já se achava velho demais. Nas de revolta, muito acomodado. Nas de liberdade, muito crítico. Enfim, ele vivia uma década a frente da sua, sempre com as idéias erradas e nunca entendendo muita coisa.
Matias tinha dois anos quando perdeu os pais. Passou a morar com um mendigo na sua rua. Era da periferia. O mendigo não lhe ensinava muita coisa, ele mesmo teve que aprender. Com seis, fugiu num ônibus. Foi pro centro da cidade. Lá, ele vivia do pouco que tinha.
Teodoro encontra Matias. Matias limpa seu sapato preto, que na verdade, tinha sido comprado pra dança de salão. Teodoro não entende a situação de Matias e o menino não compreende a carência do velho. Eles vivem um dia no centro. Acabam vivendo outros dez na mesma casa. O velho morre de tuberculose. O menino enterra ele no quintal de casa. No túmulo, o menino coloca o que mais amou no velho: uma garrafa vazia de coca-cola, três broches do Galos Sorridentes e um livro (o qual não lia muito bem) do J.D. Salinger.
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