Confissões - Pupinho
Eu não costumo vir muito aqui, seu padre. Não costumo frequentar a casa de deus. Não costumo fazer promessa, nem rezar. Essa história de matrimônio sempre me assustou. Eu pertencer à alguém me incomoda. Gosto da irracionalidade, das coisas mais sem sentido. Sou uma perua sim, mas das de bom coração. Adoro os animais. Adoro os cachorros. Na verdade, eu gosto mesmo é de Pupinho, meu poodle lindo. Ele sim, sabe me fazer feliz. Eu e Pupinho temos várias aventuras. Mas meu marido num gosta muito disso. Ele reclama de atenção, de carinho, de amor. Tudo que ele não me dá. Mas Pupinho me dá. Me dá tudo.
Um certo dia, na verdade ontem, Pupinho me chamou para irmos ao parque passear. Eu costumo sair com meus óculos novos, mas dessa vez não sai. Num sei porque. Eu e Pupinho estavamos sentado próximo ao lago, bem reservados, quando vi um vira-lata chegando. Pupinho ficou super nervoso, começou a latir e a pular feito um louco. Num entendi aquilo. O vira-lata se aproximava com os olhos grandes. Ele era enorme. E em pouco tempo os dois estavam se atracando e se mordendo. Era um briga de território? Acho que não. Era a briga pela fêmea. Eu, seu padre. E aquilo me encantou. Estava completamente excitada com aquelas mordidas. Aqueles dentes enormes cravados no corpo de Pupinho me fizeram tremer de medo. Pupinho jazia próximo ao lago. O vira-lata ainda continuava com os dentes fincados no pescoço do meu poodle, como se sugasse seu sangue, seu charme, seu poder. Estava completamente excitada. Completamente louca. E estava adorando aquilo tudo. Victor, o vira-lata, olhou pra mim com os olhos de Sean Connery em 007. Reconheci na hora. Charmosíssimo. Estava de saia, lilás. O convidei para ir na minha casa, mas ele queria ali. Melado de sangue, saliva e prazer. Aquele cachorro me deixou louca, seu padre. Muito louca. Ela fez comigo o que ninguém mais conseguiria fazer.
Cheguei em casa de cachorro novo. Meu marido estranhou a mudança do cão. Victor é bem mais robusto, presente e classudo do que Pupinho. Tou pensando em fugir com ele. Deixar essa vida de dona de casa inútil e ser mais feliz com Victor. Ele sim, sabe me fazer feliz.
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