tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

quarta-feira, julho 13

Das intervenções divinas


Algumas linhas continuam, outras nem chegam a ser delineadas.

Não acho que a morte chega pro alívio. Acho que Deus tem seu mau humor, seu bom humor e seu humor negro. Maldito. Acho que às vezes ele faz pra chocar mesmo. Às vezes chega a dar uma fagulha de esperança de vida e aí, pumba!, cai-se morto. Maldito. Acha que quando tá de mal humor é o pior? Nessas horas ele cria guerras, doenças incuráveis, fome, loucos assassinos e até uma instituição que, representando ele, conduz um genocídio massivo idiota. "É Deus, meu filho!". Nem preciso dizer o que acontece no bom humor. Não vem ao caso. Mas o pior mesmo é o humor negro. Maldito. Porque alimentaram isso nele? Quando chega o humor negro não existe cristão que resista. Nem mesmo Deus resiste. Seria pegarmos uma paródia dos sete dias da criação. Ou fazer grandes trocadilhos divinos. Deus não ri da própria desgraça, ri da desgraça alheia. Ri dos inocentes. Dos excluídos. Da maioria. Ri até das próprias piadas infatis. O que nós, meros mortais, chamamos de Lei de Murphy, é o estágio mais fraco do humor negro deste ser onipotente. Chegamos ao absurdo de haver desaparecimentos, mortes inexplicáveis e até aparições de pessoas que nunca existiram.

Não acho que as pessoas morrem para punir. Não morrem para deixar saudade. Não morrem para pagar o que fizeram. Morrem para satisfazer um desejo que não é nosso e nunca vai ser. Não temos o poder de determinar nada. Somos determinados. Em tudo. E quando você pára e acorda com um pesadelo, no escuro, escuta um risinho causado pelo vento. Maldito, é ele rindo de mais uma travessura.

A tristeza causada pela morte de alguém sempre nos causa uma raiva das divindades. E é aí que entra a validade desse texto. Talvez a mesma não dure dois dias, quinze lágrimas, seis músicas tristes, cinco garrafas de cerveja, dois minutos nostálgicos ou até mesmo o tempo em que você acaba de ler essa frase. Vai entender!


foto: Sol e seu flash colorido artificialmente.