tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

quarta-feira, maio 18

Cata Um, Cada Dois


Sei que você me olha de cantinho de olho, mas é como olho de furacão.

Das tempestades da minha cachola, sobraram umas três pequenas árvores de jabuticaba, peroba e juá. Miudas. Também uma pequena casinha com movéis estranhos e umas paredes coloridas. Acabei achando uns três livros do Andersen numa sala de leitura escura. Sem contar com uma pequena vila de amigos e uma fábrica de cerveja. Ufa! Pelo menos isso. Mas a tempestade também me levou os planos (meus vintes anos, diria o Chico) e até a tinta da minha caneta. Uns pensamentos positivos, quatro rolos de filme e cinco carteiras de cigarro. Matou meu cachorro e ainda me arrancou a máquina de pinball preferida do bar. Tenho três fichinhas aqui no meu bolso. Ah! Maldita tempestade. As roupas do varal, todas voaram. Minha regata, meu tênis azul e até uma blusa do Che Guevara autografada pela Coca-Cola. Raríssima. O grande problema, é que quando a tempestade veio, eu num tava nessa terra. Eu fui lá nos céus dos demônios, procurar paz em outros olhos, beber alguns ácidos e acabei por me encontrar perdido por lá. Me achei, me amarrei e resolvi voltar. Pobre de mim, que encontrei minha terra sem um fio de linearidade. Todas as cores invertidas, as palavras embaralhadas e vários sons de moscas cegas, que não vêm em que merda pisam. Agora que vejo o horizonte se formar, começo a erguer uma casinha simples no alto de um morro verde, com três girassóis na frente e quase mil nuvens com formatos diversos (feito biscoito sortidos) flutuando no meu altar. Só preciso de um varal.