tobor e o amanhecer antecipado em seu dia.

vida simples, pensamento elevado.

quarta-feira, novembro 13

Adeus... Olga.

Meu Ser

Sei que é injustificável o que fiz, mas fiz. Realizei a preparação da despedida mais triste e deprimente que existe. Ao ser que vai :tristeza; ao ser que fica: solidão. Mas ao fazer tais preparos, também perdi um pedaço de mim. Júlio nunca perdoará o que fiz e nem a minha própria consciênica faria o mesmo. Minha mãe sempre me perguntava se iria continuar achando que era pequeno pro resto da vida, mas hoje percebo que ainda acho isso. Sou pequeno de caráter. Sou pequeno de consciência. Sou apenas um pequeno e reprimido ser. Acho que nem aguento mais ouvir essa palavra.

Mas os preparos eram simples. Simples até demais. A mala só com as roupas de viagem, não iria precisar de mais roupa lá. Lembro-me de umas linhas de palha presas na corda que servia de âncora para o navio. Elas giravam em torno de si e ao mesmo tempo, da corda. Essa corda longa e grossa, casa de tantos fungos, micróbios e bactérias. Mas pelo menos tem caráter. Eu, não.

Já imaginou a cabeça de Júlio? As imagens que passavam na cabeça dele. Os olhares, os lábios, os sorrisos, os dias felizes... tudo isso vivido por ele e ela. Mas infelizmente, tive que realizar isso. Ela agora não é mais uma de nós. Talvez seja, mas não no mesmo estado físico que nós. Ela tinha caráter. Ele tinha caráter. Eu não. E me envergonho disso. Me envergonho tanto, que não suporto a dor daqueles olhos cheios de lágrimas. Me envergonho tanto, que choro ao lembrar dos sons monossílabos saídos da boca de Júlio ao saber da "morte" dela. Choro ao lembrar que meu caráter ficou em uma bala de chocolate na infância, a qual escondi atrás de um armário da minha mãe. Pena que demoliram a casa. Meu caráter foi junto.

Desculpa Olga. Desculpa Júlio.

Adeus.