Eu digo textículos Lala, não por serem pequenos, mas pelo valor sentimental que há em cada palavra. Ugh! Que piegas!
Sem Comiseração das Tripas Fetais
Não sei se me refiro aos choros. Acho que me refiro aos suspiros. Sim! Aos suspiros! Uma tentativa frustrada de viver além dos sons que me trouxeram o problema dos cegos, a loucura. Não consigo suportar os choros. Não consigo suportar as crianças. Não consigo viver em círculos repetitivos e monótonos. A vida me trouxe o pior de todos os pecados, o canibalismo. Relato minha sanguinária vida sem pudor nem compaixão. Vivo de morte, morro da vida. As minhas lágrimas já não são mais gotas, mas sim lembranças. Essas lembranças lembram o choro e a agonia das crianças perante a morte. Sem morte, sem vida. Sem vida dentro de mim, não sobrevivo nem mais um instante.
Em um bairro pobre, sete cestos de lixos guardam oito crânios de fetos. Os crânios foram removidos com a força. Fetos entre dois a quatro meses. O detetive Lázaro, junto com seu parceiro Luis, pesquisam sobre os crânios e percebem que o DNA da mãe é o mesmo e o do pai varia para cada feto. É dada uma revista no bairro e acaba-se encontrando a casa de Anabel. Uma casa abandonada com restos de corpos de fetos na geladeira e muitas fotos de ultra-som espalhadas na parede. Encontra-se também um prato, recém posto à mesa, com o tronco de uma criança.
O sexo se desenrola como um pergaminho nas mãos do diplomata. Três homens, apenas um corpo feminino. O orgasmo chega logo e não se sabe quem ficará com o cargo fraterno. Mas isso é tudo uma ironia. O produto acabará em uma boca, não em um braço. Viva a esse círculo fechado de sobrevivência.
Lázaro está confuso. Não sabe se permite que sua filha saia de casa às onze da noite pra voltar às quatro da manhã. Ele fuma e pensa. Negativo. Ela se tranca em seu quarto aborrecida. Ele apenas continua refletindo. Pensa nos crânios e nos ultra-sons.
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